
As Marcas Estão a Morrer?
Nos últimos anos, muito se tem falado sobre a suposta “morte” das marcas. O aumento da concorrência, a ascensão das marcas brancas e a diminuição da lealdade dos consumidores são apontados como sinais de um colapso iminente. Mas será que as marcas estão realmente a desaparecer? Eu diria que não. O que acontece é que as marcas que não se reinventam estão, de facto, condenadas ao esquecimento e à morte.
O exemplo da Lego é um dos mais claros. No início dos anos 2000, a marca estava em sérias dificuldades financeiras. A concorrência dos jogos de computador e a falta de inovação estavam a levar a empresa ao colapso. Mas a Lego soube adaptar-se. Apostou em parcerias estratégicas com filmes populares, como Star Wars e Harry Potter, lançou jogos e expandiu o seu universo para além das simples peças de encaixe. Hoje, a Lego é uma das marcas mais reconhecidas do mundo, precisamente porque percebeu a importância da evolução.
Outro exemplo curioso é o da Ferrari, que nem sempre foi sinónimo de luxo e velocidade. A marca teve início na produção de tratores antes de se tornar uma das fabricantes de automóveis mais desejadas do planeta. O que fez a diferença? A capacidade de evoluir, de perceber que havia um mercado para carros desportivos de alta performance e de criar um imaginário em torno da velocidade, da exclusividade e da qualidade. Hoje, a Ferrari é um ícone, não porque se manteve igual, mas porque soube transformar-se ao longo do tempo.
A Geração Z, que representa os consumidores mais jovens, é um grande desafio para as marcas. Estudos recentes indicam que 57% dos jovens desta geração são menos leais às marcas do que antes da pandemia e que 77% estão dispostos a experimentar novas marcas. Isto significa que não basta ter um nome forte no mercado; é essencial criar uma relação autêntica com o consumidor, oferecer experiências relevantes e manter uma comunicação alinhada com os valores atuais.
O que estes casos provam é que as marcas não estão a morrer. Pelo contrário, estão a adaptar-se às novas necessidades do mercado. Aquelas que ignoram a mudança acabam por perder relevância, mas as que conseguem inovar continuam a crescer e a fortalecer-se. Reinventar-se é uma necessidade, não uma opção. E no mundo atual, essa é a verdadeira diferença entre marcas que desaparecem e marcas que permanecem.
Vila Nova de Gaia; 14 de Março de 2025
Andreia Medeiros